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Um grande apoio para a aprendizagem musical
*Por Thiago Marcondes Santos
A educação musical foi pautada pela aquisição de habilidades técnicas em instrumentos musicais tradicionais até a virada do século XX. Por muito tempo aprender música era um processo fortemente ligado às tradições musicais da sociedade e o estudante de música desenvolvia sua relação com o instrumento de maneira a adquirir a técnica particular do instrumento de sua escolha.
Para alcançar suas metas o estudante era guiado por um professor que lhe ensinava os caminhos para evoluir na prática do instrumento em questão com o objetivo de executar peças que pertenciam ao repertório considerado clássico para a sociedade da época.
Este paradigma não se aplica a todas as pessoas e enquanto existem estudantes que se interessam pelo repertório clássico, outros têm diferentes aspirações em relação à aprendizagem musical e por isso necessitam abordagens específicas para a sua Educação Musical.
Pensadores como Vigotsky, Dalcroze e Orff apresentaram ideias que mudaram o paradigma da educação e refutavam a maneira comportamentalista e unilateral de passagem de conteúdo de professor para estudante calcada no individualismo. Estes autores privilegiavam a colaboração entre os estudantes, a exploração dos conteúdos de forma lúdica, e o uso do corpo e dos movimentos para apoiar a educação musical.
Juntamente com as mudanças nas ideias educacionais, o século XX apresentou grandes progressos tecnológicos na área computacional e atualmente as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) apoiam de forma crescente a Educação Musical.
Os computadores e a internet possibilitaram um aumento extraordinário nas possibilidades de interação dos estudantes entre si e entre os estudantes e os conteúdos educacionais, seja pela educação à distância, seja pelo surgimento de novos instrumentos musicais.
Atualmente a computação passa por uma revolução onde o computador se transforma e se adapta ao espaço que cerca o usuário. É a chamada Internet das Coisas ou Computação Ubíqua. Este novo paradigma tecnológico permite o surgimento de novos instrumentos musicais, que tem uma técnica de execução menos complexa do que os tradicionais e permitem a colaboração e a exploração dos sons presentes no discurso musical, de maneira a apoiar as conjecturas teóricas da educação musical.
Atualmente já é possível acionar sons usando tablets, smartphones ou outras interfaces mais adaptadas à natureza do corpo humano como as interfaces que interpretam gestos dos usuários por imagens captadas em uma câmera e produzem sons.
Existem também interfaces vestíveis, que são computadores acoplados a uma roupa e que possibilitam, por exemplo, a uma pessoa tocar as notas de um piano batendo suas mãos em pontos de contato no seu tronco.
Com a diminuição das barreiras técnicas para a produção sonora e a adaptação do computador para apoiar os estudantes e professores em contexto presencial ou à distância, síncrono ou não, vislumbro um grande futuro para a Educação Musical do século XXI: ela irá privilegiar o foco do aprendizado do estudante no discurso musical em detrimento da mera aprendizagem mecânica de instrumentos.
*Thiago Marcondes Santos é educador, músico e mestrando do Programa de Pós Graduação em Informática da UNIRIO.