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É preciso investir na excelência musical!

Por Carla Rincón*

Considero importante, antes de pensarmos em linguagens e métodos a serem trabalhados em sala de aula, definir critérios para a educação musical. O que queremos alcançar com as aulas de música? Quais os nossos objetivos? O que o Brasil, como país, espera deste programa?

Para mim, este critério é a excelência musical. Não importa o método utilizado – Dalcrose, Orff, O Passo, Kodaly… O fundamental,  a meu ver, é trabalhar a excelência do ensino e instigar os alunos a darem o melhor de si, sempre.

Não é porque você dá aula em um projeto social ou em uma escola pública do interior do País que a qualidade não deve ser perseguida. Ao contrário. Na busca pela excelência você consegue acessar virtudes e talentos, percebe o esforço de cada um para alcançar o melhor resultado para todos.

Claro que estamos falando de dezenas, centenas de milhares de jovens alunos das salas de aula de Norte a Sul do Brasil. Uma diversidade incrível que precisa ser levada em conta em qualquer projeto de educação musical.

Por isso torna-se mais do que necessário o mapeamento musical em escolas e projetos sociais existentes pelo Brasil afora. É preciso saber com que recursos contamos em cada região, em cada estado, em cada rincão deste País. E entender que tipo de método, ferramenta e linguagem é mais adequada a cada momento, em cada lugar.

Quando estivemos no Mato Grosso do Sul por exemplo, percebemos que as pessoas de lá têm uma ligação especial com a percussão, se interessam por estes instrumentos, têm uma familiaridade com este tipo de som.

Adianta ir lá e impor um método completamente fora da realidade deles? Acho que não. O ideal é adaptar, utilizar um método mais melódico, mais afinado com a realidade da região. Mas, a meu ver, sempre buscando a qualidade, a excelência, o melhor que pode se extrair daquele grupo.

Eu acredito que existe uma grande vontade por parte dos educadores brasileiros em acessar conhecimento de qualidade, conhecer diferentes métodos e colocar seus talentos em prática na sala de aula. Mas é preciso incentivar, valorizar, formar e garantir a estes professores o acesso ao conhecimento.

Tive o grande privilégio – embora, na época, sem perceber a real importância disso – de estar dentro de um programa que hoje é referência mundial, El Sistema venezuelano. Fui aluna, depois instrutora do programa e sei que o projeto funciona porque tem uma filosofia única.

Lá juntamos vários métodos conhecidos com características de cada região, mas deixamos espaço para o lúdico, para a criatividade, para o estilo de cada educador… Mas existe este critério, este ponto de unificação de todo o programa, o de buscar a maior qualidade possível.

Para que todos estejam alinhados com ele, são realizadas palestras, simpósios, festivais, debates… Os espaços de troca são muito valorizados pois todos querem aprender e ensinar, não há uma competição entre escolas e projetos, estão todos buscando desenvolver e melhorar El Sistema.

Creio que precisamos investir neste “critério unificador” aqui no Brasil. Se não é a excelência, o que é? É preciso encontrar este ponto e investir neste objetivo, incentivar as trocas, promover debates e utilizar a tecnologia como aliada – a  internet demanda poucos recursos e pode ser uma alternativa quando o deslocamento para realizar um simpósio, por exemplo, for mais complicado.

Ao mesmo tempo acho necessário combater o academicismo excessivo, valorizar as diferentes formações, saber que muitas vezes o professor de educação física que aprendeu música pode ser a única alternativa de ensino naquela escola e deve ser valorizado.

Definir critérios e valorizar os professores. São estes a meu ver os dois pilares para o êxito do ensino de música neste País-continente tão rico em realidades, sotaques, formações, culturas e costumes. Um grande desafio, que tem tudo para ser superado com a criatividade e musicalidade do povo brasileiro.

* Carla Rincón é musicista do Quarteto Radamés Gnatalli e coordenadora pedagógica do projeto Brasil de Tuhu.

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