Você é educador ou educadora?
Sim
Não
Eles fazem de tudo e vieram pra ficar!
*Por Lilian Dias e Luciana Bento
Softwares, programas e aplicativos que fazem de tudo: afinação, mixagem, edição, arranjos, leitura de partituras, efeitos de áudio, simulação de instrumentos… Quem disse que tecnologia não combina com sala de aula?
No caso do ensino da música, esta tendência chegou para ficar. E se estende para além das paredes e muros da escola: web aulas por Skype e YouTube também viraram febre e se tornaram aliadas de professores e alunos.
Que o diga o professor e coordenador de música do colégio Cruzeiro, Daniel Tavares. Ele passou a incorporar recentemente o uso dos smartphones nas salas de aulas, utilizando o aplicativo Axylophone para o ensino de música. E não se arrepende.
“Praticamente todos os nossos alunos usam smartphone mas não temos xilofones para todos eles. Então utilizamos o aplicativo para os que não estão com o instrumento e isso acaba, inclusive, aproximando os alunos”, explica. “Acredito que as novas tecnologias vieram para ajudar e enriquecer as aulas. É uma aliada, mas obviamente não substitui o contato com o instrumento físico”, lembra.
Para complementar este trabalho dentro da sala de aula, o colégio oferece em seu site ferramentas virtuais para que os alunos possam treinar o que aprenderam nas aulas. O mais utilizado é o Musescore, um programa livre que permite escrever partituras e criar áudios, além de oferecer um banco colaborativo na comunidade do programa.
E como não poderia deixar de ser, as tecnologias que tomaram conta do nosso cotidiano abriram também novas modalidades e perspectivas de trabalho para quem atua na área de música. Aulas à distância, por Skype ou Facetime, se tornaram comum entre professores e alunos mais abertos às novidades.
Michael Arcer dá aulas de gaita utilizando o Skype e aposta na tecnologia e no conceito de Educação à Distância, sendo um dos pioneiros nesta modalidade de aula.
“Creio que pelo menos 30% do conteúdo dado nas aulas em escolas ou universidades pode ser ministrado online, sem prejuízo do encontro presencial, que é necessário. A Educação à Distância não substitui o ensino tradicional, ela é uma aliada e serve para facilitar”, enfatiza Michael.
Daniel Tavares, que chegou a orientar professores de música sobre o uso de ferramentas tecnológicas, acredita que esta é uma necessidade que não pode ser ignorada. “Existem aqueles que ainda resistem ao uso das tecnologias, não só por uma questão de adaptação mas porque preferem não incorporar esta novidade em suas vidas. Mas a maioria está aberta e isso é muito bom”, conclui.
Por outro lado, a imensa oferta de ferramentas tecnológicas incentiva o autodidatismo. Com videoaulas gratuitas de profissionais respeitados e qualificados à disposição, muitos optam por iniciar seus estudos sem sair de casa.
Adepta desta prática, Rebecca Nora, 18 anos, aprendeu a tocar violão e teclado sozinha por meio de programas na internet. “A teoria musical sempre foi mais difícil para mim pois eu não conseguia visualizar o seu uso na prática mas descobri softwares que tornaram isto possível”, conta. “Com certeza é possível aprender instrumentos pelo YouTube, eu sou exemplo disso. Mas não podemos esquecer que alguém fez os vídeos, então o professor é sempre necessário”, argumenta.
Maíra Bentim, 24 anos, tem aulas de gaita por Skype e afirma não ver diferenças entre as aulas presenciais e online. “Já fiz aula presencial de violão e não achei tão diferente das aulas por Skype. Tenho um contato bem legal com o meu professor, ele é bem acessível e parece que estamos um ao lado do outro. A diferença é a telinha entre a gente (risos)”
Não há dúvidas que o papel do educador e a própria educação mudaram, fazendo com que o professor de música atue hoje mais como um facilitador dentro da sala de aula. É o que defende o professor Felipe Barros, que acrescenta que as ferramentas tecnológicas podem inclusive ajudar a democratizar o ensino e a tornar o aprendizado mais lúdico.
“Hoje uma pessoa que não pode pagar um curso, tem bem mais condições de aprender em casa, buscar recursos sozinho. O professor se tornou um intermediário entre o aluno e o conteúdo, não acho que exista um lado negativo nisso, cabe ao professor saber conduzir esta nova realidade”, enfatiza. “Fora que os alunos gostam quando você usa tecnologias em sala de aula. É um momento especial, vira uma espécie de brincadeira”.
E mesmo para quem teve contato com a música desde criança, a tecnologia pode servir para renovar o interesse e até incentivar novos encontros. É o que conta o estudante de trilha sonora da Berklee College of Music, que fica em Boston, Estados Unidos, Jano Manzali.
“Na adolescência estudei piano com um professor, com zero de tecnologia envolvida. Foi ótimo, mas com o tempo, por diferentes motivos, fui perdendo o interesse pela música. A tecnologia me ajudou a retomar este contato pois vi o quanto era fácil aprender as músicas pela internet”, relata.
Multinstrumentista, Jano tem preferência pela guitarra e foi para encontrar os amigos, trocar informações e tocar juntos que ele começou a pesquisar tablaturas de músicas de suas bandas prediletas.
“Talvez se, naquela época, eu tivesse que ler partituras do jeito tradicional, teria desistido. Deste ponto de vista posso dizer que a tecnologia me ajudou cem por cento”, conta. Mas mesmo reconhecendo as facilidades oferecidas, Jano tem uma visão crítica quanto ao exagero no uso de tecnologias na música. “Ela é ao mesmo tempo nossa melhor amiga e nossa pior inimiga: se por um lado ela nos ajuda, também pode também tirar empregos de pessoas muito competentes ou mascarar a qualidade de algumas coisas”.
Um exemplo é a gravação de trilhas sonoras com orquestras, o que sai muito caro e pode ser facilmente feito com modernos softwares – substituindo o trabalho de vários instrumentistas. Outro exemplo seriam as gravações caseiras que podem servir para alguns usos mas não ficam tão boas quanto gravações feitas por músicos em um estúdio profissional.
Como em outras dimensões da vida, a utilização das tecnologias no ensino da música tem seus prós e contras. Mas uma coisa é certa: ela veio para ficar e torna-la uma aliada de professores e alunos só ajuda a alcançar um objetivo comum a todos: ampliar o acesso à música de qualidade. Seja como for.
Ficou com vontade de utilizar as modernas tecnologias para aprender o seu instrumento favorito ou apenas entrar no maravilhoso universo da música? Nós listamos seis ferramentas que vão te ajudar nesta jornada!
Videoaulas Brasil de Tuhu – Ministradas por professores com notoriedade no meio musical, elas são voltadas para despertar e ampliar o interesse pela música. Através dos vídeos é possível aprender diversos instrumentos como, flauta, bandolim, piano, sanfona, ente outros. Para aprender basta acessar o site e escolher o instrumento de interesse: http://brasildetuhu.com.br/videoaulas/
Curso de Violão – É um software para Windows que ajuda a tocar violão e guitarra com escalas, afinador, ritmos, cifras e encadeamento. Ele é recomendado para quem quer aprender a tocar o instrumento da maneira mais eficaz possível.
Glissando – É um software para Windows que ensina qualquer pessoa a tocar piano. Ele tem aparência intuitiva e é bem simples de usar. Por isso, o usuário não precisa ser um músico fluente, avançado, nem nada parecido. Basta ter vontade de aprender e, claro, separar algum tempo do seu dia para praticar.
Guitar Riff – É um aplicativo para iOS, Android e Windows Phone que lhe ajudará a aprender famosos riffs de guitarra (conjuntos de notas), sendo que para tanto não será preciso estar com um instrumento em mãos.
Perfect Piano – É uma central de entretenimento e estudo não só de piano, mas também percussão, para sistema operacional Android. O app possui como intenção dar a entusiastas e àqueles já familiarizados com esses instrumentos a possibilidade de aprimorar sua técnica ou travar primeiro contato com esse ambiente musical.
Real Drum – É um aplicativo para Android que ajuda você a aprender a tocar bateria em um instrumento eletrônico disponibilizado para o seu celular. Basta posicionar o aparelho eletrônico em uma mesa, no chão ou no seu colo para mantê-lo fixado e tocar a bateria com dois dedos das suas mãos. Melhor ainda se você conseguir tocar com uma mão apenas.